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O Brasil vive um momento
histĂłrico. HistĂłrico porque a sociedade brasileira vĂŞ com total assombro ao
desmantelamento da democracia mesmo no auge da Era do Conhecimento. É um paradoxo
substancial pensar que diante de tantas informações, o paĂs enfrenta o avanço de
ideias ultrapassadas em total desacordo com a contemporaneidade.
A preocupação é que este momento
Ă© reforçado pelo uso de novas tecnologias. O caso das fake news ou notĂcias falsas Ă© um resumo importante para melhor
compreensão dos avanços do autoritarismo. O que se vê, na verdade, é a
manipulação dos dados para gerar convencimento junto à sociedade. Foi o que
aconteceu recentemente com o caso das eleições que elegeu Donald Trump à Presidência
dos Estados Unidos. Uma forte campanha prĂł Trump foi encomendada por empresas
de tecnologia para fazer com que o nome do entĂŁo candidato surgisse
constantemente nas redes sociais, sites e outros espaços de comunicação. Mais
de 50 milhões de usuários tiveram seus dados manipulados pela empresa, já
encerrada, Cambridge Analytica. A
estratégia não é assustadora, pois é a mesma lógica de dar doces para crianças
ou fazer com que a Branca de Neve coma a maçã envenenada. Aplicativos de
perguntas e respostas do Facebook roubavam os dados dos usuários e estes eram
manipulados para uso em campanhas polĂticas. Trata-se de uma verdadeira lavagem
cerebral para chamar a atenção dos eleitores por meio de sinais de comunicação
visual. É preciso ressaltar que a maioria das pessoas não compreende o uso
dessas ferramentas. No escândalo do Facebook, por exemplo, os dados eram
manipulados desde 2014 e sĂł em 2017 foi descoberto. A briga Ă©, de fato,
injusta.
O mesmo aconteceu com o governo
Dilma. Em 2015, um anúncio do site WikiLeaks estremeceu as relações
internacionais entre Brasil e EUA. A presidente Dilma, seus assessores e
ministros foram grampeados pelos americanos logo no inĂcio do mandato da
petista. Os dados do grampo apontaram uma preocupação estratégica dos
americanos em relação à América Latina, pois desde sempre desejam receber
vantagens nas tratativas comerciais. Ao mesmo
tempo buscam impedir o avanço dos projetos de combate à corrupção no Brasil. Sob
o argumento de que a entĂŁo presidente promovia “pedaladas fiscais”, a mĂdia
brasileira reforçou a narrativa do impedimento e a primeira presidente eleita
no Brasil foi deposta, no que hoje a sociedade internacional já reconhece como
golpe.
Documentário retratou o processo de golpe contra a Presidente Dilma. |
Parece que as redes sociais, o
Facebook, o Instagram e o Twitter valem mais do que a lei. Parece que a
democracia tornou-se apenas um objeto de estudo. Resta claro e evidente no caso
Lula. Mesmo com considerações respeitosas de adversários polĂticos,
organizações civis e polĂticas, menção especial do Papa e recente
posicionamento da ONU, o ex Presidente Lula segue preso num plano covarde de
cerceamento da liberdade da própria lei. É importante dizer que a lei não está
sendo respeitada nesse caso. Trata-se, na verdade, de um malabarismo jurĂdico
para impedir o avanço da esquerda na AmĂ©rica Latina. Num esquema polĂtico,
juĂzes se alinham com interesses de organizações financeiras para engavetar um
projeto de desenvolvimento social. A lĂłgica liberal e a extrema direta abusam
do princĂpio da legitimidade para influenciar decisões jurĂdicas que mudam ao
sabor dos interesses dos mais ricos.
Entretanto, nĂŁo se legitima um
golpe de Estado em pleno século XXI sem o aval da sociedade. Por isso,
informações falsas são veiculadas e narrativas simplistas entre o bem e o mal
são incentivadas para propagar o medo. Nesse contexto de destruição, chamas,
pobreza, angĂşstia e desesperança Ă© preciso escolher um “salvador”. Com data
acertada, 7 de outubro, o Brasil terá a oportunidade de decidir o seu futuro. Ao
que parece a sociedade brasileira não está preparada o bastante para passar por
mais esse processo. Num cenário de dispersão, ódio e dificuldade de diálogo, o
cidadĂŁo comum prefere votar no candidato da corrente do WhatsApp.
NOTĂŤCIA BOA
Os mais jovens estĂŁo saindo do
Facebook. Ainda há esperança? A AmĂ©rica Latina vive um momento muito importante. Vários paĂses estĂŁo enfrentando crises e há uma necessidade de refundação de sua identidade no intuito de aproximar suas relações e estabelecer
conexões fortes de desenvolvimento. A utopia ganha força na região. Iniciativas estudantis, coletivas,
acadêmicas e populares devem construir um caminho de participação. Exemplo
disso é a Iladisc, movimento intelectual que reúne pensadores de todo o bloco para propagar a integração do conhecimento.
Número de usuários jovens que desinstalou o aplicativo aumentou |
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