A estratégia do desespero
setembro 10, 2018Link do filme |
O Brasil vive um momento
histórico. Histórico porque a sociedade brasileira vê com total assombro ao
desmantelamento da democracia mesmo no auge da Era do Conhecimento. É um paradoxo
substancial pensar que diante de tantas informações, o país enfrenta o avanço de
ideias ultrapassadas em total desacordo com a contemporaneidade.
A preocupação é que este momento
é reforçado pelo uso de novas tecnologias. O caso das fake news ou notícias falsas é um resumo importante para melhor
compreensão dos avanços do autoritarismo. O que se vê, na verdade, é a
manipulação dos dados para gerar convencimento junto à sociedade. Foi o que
aconteceu recentemente com o caso das eleições que elegeu Donald Trump à Presidência
dos Estados Unidos. Uma forte campanha pró Trump foi encomendada por empresas
de tecnologia para fazer com que o nome do então candidato surgisse
constantemente nas redes sociais, sites e outros espaços de comunicação. Mais
de 50 milhões de usuários tiveram seus dados manipulados pela empresa, já
encerrada, Cambridge Analytica. A
estratégia não é assustadora, pois é a mesma lógica de dar doces para crianças
ou fazer com que a Branca de Neve coma a maçã envenenada. Aplicativos de
perguntas e respostas do Facebook roubavam os dados dos usuários e estes eram
manipulados para uso em campanhas políticas. Trata-se de uma verdadeira lavagem
cerebral para chamar a atenção dos eleitores por meio de sinais de comunicação
visual. É preciso ressaltar que a maioria das pessoas não compreende o uso
dessas ferramentas. No escândalo do Facebook, por exemplo, os dados eram
manipulados desde 2014 e só em 2017 foi descoberto. A briga é, de fato,
injusta.
O mesmo aconteceu com o governo
Dilma. Em 2015, um anúncio do site WikiLeaks estremeceu as relações
internacionais entre Brasil e EUA. A presidente Dilma, seus assessores e
ministros foram grampeados pelos americanos logo no início do mandato da
petista. Os dados do grampo apontaram uma preocupação estratégica dos
americanos em relação à América Latina, pois desde sempre desejam receber
vantagens nas tratativas comerciais. Ao mesmo
tempo buscam impedir o avanço dos projetos de combate à corrupção no Brasil. Sob
o argumento de que a então presidente promovia “pedaladas fiscais”, a mídia
brasileira reforçou a narrativa do impedimento e a primeira presidente eleita
no Brasil foi deposta, no que hoje a sociedade internacional já reconhece como
golpe.
Documentário retratou o processo de golpe contra a Presidente Dilma. |
Parece que as redes sociais, o
Facebook, o Instagram e o Twitter valem mais do que a lei. Parece que a
democracia tornou-se apenas um objeto de estudo. Resta claro e evidente no caso
Lula. Mesmo com considerações respeitosas de adversários políticos,
organizações civis e políticas, menção especial do Papa e recente
posicionamento da ONU, o ex Presidente Lula segue preso num plano covarde de
cerceamento da liberdade da própria lei. É importante dizer que a lei não está
sendo respeitada nesse caso. Trata-se, na verdade, de um malabarismo jurídico
para impedir o avanço da esquerda na América Latina. Num esquema político,
juízes se alinham com interesses de organizações financeiras para engavetar um
projeto de desenvolvimento social. A lógica liberal e a extrema direta abusam
do princípio da legitimidade para influenciar decisões jurídicas que mudam ao
sabor dos interesses dos mais ricos.
Entretanto, não se legitima um
golpe de Estado em pleno século XXI sem o aval da sociedade. Por isso,
informações falsas são veiculadas e narrativas simplistas entre o bem e o mal
são incentivadas para propagar o medo. Nesse contexto de destruição, chamas,
pobreza, angústia e desesperança é preciso escolher um “salvador”. Com data
acertada, 7 de outubro, o Brasil terá a oportunidade de decidir o seu futuro. Ao
que parece a sociedade brasileira não está preparada o bastante para passar por
mais esse processo. Num cenário de dispersão, ódio e dificuldade de diálogo, o
cidadão comum prefere votar no candidato da corrente do WhatsApp.
NOTÍCIA BOA
Os mais jovens estão saindo do
Facebook. Ainda há esperança? A América Latina vive um momento muito importante. Vários países estão enfrentando crises e há uma necessidade de refundação de sua identidade no intuito de aproximar suas relações e estabelecer
conexões fortes de desenvolvimento. A utopia ganha força na região. Iniciativas estudantis, coletivas,
acadêmicas e populares devem construir um caminho de participação. Exemplo
disso é a Iladisc, movimento intelectual que reúne pensadores de todo o bloco para propagar a integração do conhecimento.
Número de usuários jovens que desinstalou o aplicativo aumentou |
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