Determinismo e a Teoria das Três Raças

maio 16, 2010

O processo de determinismo é aquele onde o objeto de estudo, no caso da Antropologia; o ser humano é principiologicamente tratado como uma parte já conceituada ou pré estabelecida. E foi com essa corrente que se firmaram grandes conflitos de estudo e principalmente de preconceitos entre as raças. O estudioso Roberto da Matta cumpre sua missão ao afirmar que o Brasil sofreu grande influência européia, mas foi com uma espécie de “determinismo à brasileira” que conseguiu denominar o modo de racionalização entre os povos que aqui residiram, sobretudo no período inicial da colonização brasileira.
O autor cria para uma análise mais aprofundada sobre a questão racial do Brasil; a “Fábula das Três Raças”, estipulando assim o branco, o negro e o índio como peças chave desse estudo. Vale a pena ressaltar aqui que há então, uma supremacia entre as raças, ou seja, uma divisão hierárquica de predominância valorativa entre os sujeitos. Na verdade, essa pirâmide entre as cores de pele, já é sentida desde momentos longínquos na Histórica brasileira, mas foi durante o Antigo Regime, pela autoridade da fé e dos reis que esse conceito cresceu, diminuindo a importância da diversidade (conceito impensável para a época) através da legitimação dos seus poderes institucionalizados.
O “Formalismo Jurídico” impregnado nestas instituições e descrito pelo autor em sua obra: “Digressão: A Fábula das Três Raças” demonstra que através da maçante forma da lei, a ideia de supremacia racial se deu com mais legitimidade. Em Portugal, quem não obedecia as normas de dinastia das famílias e das formas de tratamento, tudo com previsão legal, era levado para receber sanções. Outro fato lembrado pelo autor Da Matta foi o processo de libertação dos escravos que não emancipou os negros desta ideologia muito menos da concretude da realidade social, apenas ficou na letra fria da lei e do ordenamento jurídico, haja vista que muitos foram para as ruas, sem condições de trabalho sobrevivendo sob as decisões dos brancos. Tal análise pode ser comparada ao “Choque de Ordem” que vem se instalando pelas metrópoles brasileiras, com o efeito de produzir o afastamento desses indivíduos e a permanência da hierarquia branca sempre instalada e dominante.Na perspectiva popular, “A Fábula das Três Raças”, exprime, numa visão otimista, a possibilidade de integração entre as raças, de realizar uma forma própria de pensar a cultura brasileira, e de idealizar o modelo desejável de sociedade. Já sob o ângulo erudito, o autor revela que a sociedade brasileira é inviável, pois é formada por mestiços. Já sob o pensamento de Gobineau a idéia do “cruzamento” entre as raças é visto como algo diferenciado, objeto de estudo de outra questão. Para ele, todo tipo de preconceito é sempre visto por uma questão determinista, pois é por ela que eles nascem. Para o povo brasileiro, raça é a mesma coisa que etnia, que é igual a cultura. Essa padronização de pensar veio da Europa, sem valor científico, e por isso todas essas questões se dão pelo conceito valorativo e de princípios.
Por fim, o autor brasileiro afirma que prefere estudar as raças como elas são, respeitando sua individualidade, pois num pensamento “pré moldado”, limitaria assim o conhecimento e a proposta de análise da multiplicidade de questões envolvendo o ser humano. A Antropologia busca isso; a riqueza na diversidade e as possibilidades incontáveis de se entender o objeto humano como produção inevitável de si mesmo.

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