O Caxambu da Família Rosa de Muqui

junho 06, 2019

Você conhece o Caxambú? Também pode ser chamado de jongo ou corimá. É uma expressão cultural popular essencialmente rural, no qual as pessoas cantam, dançam, entoam poesias e rimas ao som do tambor e de outros instrumentos. Há uma valorização da fé e do sincretismo religioso com a reza aos santos de devoção de cada grupo. Em Muqui, mais especificamente no chamado "Morro do Querosene" ou no Bairro São Pedro, estão enraizados os sinais da cultura africana. A Família Rosa organiza desde 1858, mais ou menos, essas manifestações. Hoje, o grupo que já possui uma Associação efetivamente formada, é liderado pelo Mestre Haroldo Rosa e seu sobrinho Sarney, poeta e caxambuzeiro. O bem cultural presente em Muqui é tão forte e evidente que já foi reconhecido pelo IPHAN como Patrimônio do Brasil, inscrito no Livro das Formas de Expressão. A área onde estão localizados formam nos registros culturais um quilombo urbano, o único no Estado, segundo Sarney. 

Na foto: Sarney, tocando o caxambú e seu tio Mestre Haroldo Rosa. 


Apesar de todos esses atributos o Caxambú da Família Rosa de Muqui não possui nenhum apoio mais efetivo do poder público. Pelo contrário, na verdade há certo distanciamento desse movimento aos demais presentes na cidade. Esse distanciamento é lido por muitos como um preconceito velado às práticas africanas como se somente os casarões tombados de Muqui fossem pertencentes aos códigos da cultura. No dia 6 de junho de 2019, após ministrar sua oficina audiovisual GIF com alunos da cidade, Mônica Nitz a meu convite foi conhecer o Caxambú da Família Rosa. Foi uma noite de muita emoção: fomos presenteados com livros e um verdadeiro show de histórias, músicas e poesias

Na foto: Mônica Nitz, Haroldo Rosa, Sarney e Jussan.

Atualmente a Associação dos Afrodescendentes de Muqui (CNPJ: 14.739.275/0001-56) está passando por uma reestruturação jurídica e fiscal com a minha colaboração. A ideia é que a 2ª edição da Festa do Caxambú aconteça na comunidade. Nesse momento o grupo está se preparando para a produção da festa que terá, entre outras ações, o desfile do garoto e da garota afro. A festa não possui patrocinadores e é um movimento do próprio grupo que mantem com resistência a memória e a cultura do seu povo.  

Na foto, Sarney autografa o livro "Jongos e Caxambus: culturas afro-brasileiras no Espírito Santo" organizado por Aissa Afonso Guimarães e Osvaldo Martins de Oliveira 


Veja um pequeno vídeo de como foi o encontro entre os produtores e a Família Rosa: 

Link da Casa de Memória:  http://bit.ly/CaxambúDeMuqui






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