O teatro e a economia do cuidado em Muqui

abril 19, 2019

Foto: Manoel Roberto 

Assim que cheguei do Rio de Janeiro me deparei com uma Muqui largada e sem brilho. Minha cidade natal possui vários atributos: é a capital cultural do Espírito Santo, sedia um Festival de Cinema, o Encontro Nacional de Folias de Reis, o Carnaval Folclórico dos Bois Pintadinhos e o recente Festival de Cerveja que é um sucesso de público. Muqui possui mais de 200 casas tombadas. É o maior Sítio Histórico do Estado. Com tantos símbolos generosos, por que o povo não se sente feliz na cidade? Essa é uma questão complexa e que depende de muitas variáveis, mas podemos estabelecer aqui uma análise breve. 
Foto: Arquivo 

Sem uma economia do cuidado não há como uma sociedade se desenvolver com sustentabilidade. Mesmo com tantos predicados a cidade não possui uma gestão cultural eficiente. O gestor público é distante, as secretarias não se articulam e não há espaço de articulação e apoio entre os movimentos sociais. Como construir políticas públicas de bem estar social? Relendo o livro “De baixo para cima”, organizado pelas brilhantes pesquisadoras Eliane Costa e Gabriela Agustini, criei uma agenda de atividades populares. Com o esforço de colaboradores regularizamos a Escola de Música, abrimos cursos de música para crianças e adultos e criamos um curso de teatro. Todas as atividades são gratuitas e terão contribuição solidária. Muqui possui um teatro de bolso. Uma joia! Localizado no primeiro andar da Escola de Música, o “Teatro Neném Paiva” comporta um pouco mais de cem pessoas. Como não há grupo de teatro permanente na cidade, decidi criar um curso para adolescentes e adultos. Já estamos no terceiro encontro. A proposta é estudar as teorias do teatro, ler textos teóricos e críticos, praticar exercícios e jogos teatrais e o mais legal: montar um espetáculo a ser apresentado à comunidade ainda em 2019. Iniciamos o nosso trabalho com uma noite mágica! Ao som de música clássica, com a vela acesa no centro do palco, rodeados por livros, nos conhecemos e criamos intimidade. De Charles Baudelaire, Fayga Ostrower, Michel Guerin, Allan Poe, Mário Quintana e Adélia Prado, nosso objetivo é desenvolver uma obra coletiva e bem contemporânea, a partir do olhar do grupo.

Foto: Augusto Boal / Funarte 

No momento, o coletivo está lendo o texto “Vivemos um tempo de guerra” de Augusto Boal e “A carta da Terra” de Leonardo Boff. Se depender da sofisticação do estudo, uma grande peça está por vir.
Foto: Reprodução / Instagram 
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